Com o Guarani Eternamente
Mudança de rumo? Em entrevista, Juíza confirma reunião e admite possibilidade de rever leilão
Na tarde desta quinta-feira pudemos acompanhar pela Radio CBN Campinas uma entrevista feita com a Juíza Ana Claudia Torres Vianna falando sobre o andamento do processo de leilão do patrimônio Bugrino, as propostas de Maxion e Magnum e algumas importantes observações foram feitas durante a matéria.
Para poder garantir a real transcrição da entrevista, você poderá ouvir a íntegra no link a seguir:
http://planetaguarani.com.br/?p=8469
Conforme ela própria já havia informado em entrevistas anteriores, ela falou sobre sua decisão sobre o processo: “Minha decisão já está sendo trabalhada há alguns dias, só que em razão destas alterações em propostas resultantes desta mediação eu resolvi chamar o grupo de credores aqui para expor a eles toda a situação criada até agora. Até porque, nesta última proposta da MMG há uma proposta de liberação imediata de valores para satisfazer todos os credores em fase de execução e também em fase de conhecimento mediante uma negociação”, disse a Juíza, deixando aparentemente uma impressão de tendência a aceitação à proposta.
Ela seguiu justificando a realização da reunião com os credores trabalhistas, admitindo até a necessidade de revisão completa para garantir o processo : “Este é o motivo, até para eu poder serenar e chegar a uma decisão vendo todos os ângulos, eu preciso olhar este leilão com bastante calma para ver se restou algo, eu tenho convicção que fiz tudo dentro da legalidade, mas seria um momento de revisão, de olhar novamente para ver se tem algum ponto que mereça ser revisto”.
E segundo a Juíza, a disposição de pagamentos imediatos feito pela proposta da MMG acaba podendo ajudar na negociação: “Acredito que, até pela manifestação de alguns credores no processo, o que me causou até surpresa porque os próprios credores pedem que eu anule o leilão. Acredito que para receber dinheiro imediatamente eles não tenham oposição, mas talvez um ou outro me traga um olhar dessa questão toda que eu não tenha visto ainda, ou não tenha considerado”.
O que chamou a atenção durante a entrevista foram as muitas referências à proposta feita pela empresa MMG, a seguir ela se refere novamente: “Eu também me atentei que eles fazem uma mudança na garantia do VGV que não constava do que está na ata da Assembleia (de Sócios), então talvez algumas coisas ainda tenham que ser explicadas pelo Guarani também. nesta audiência, junto com o terceiro, a MMG que é parte no processo, talvez eles possam explicar melhor”.
E mostrando que ela realmente analisou bem a última proposta, a Juíza fez menção diretamente ao fato de agora constar da proposta a exclusão de uma área usada para construção de um hotel da parte de VGV que caberia ao Guarani: “Essa nova proposta da MMG já existia no processo e agora ela ampliou para chegar a um valor próximo ao da arrematação, mas alem disso tudo a empresa coloca uma garantia do VGV que é uma negociação, e não é novidade para ninguém, que o Guarani já vinha desde a Assembleia que foi realizada antes do primeiro leilão na Justiça Federal”.
“Mas naquela ata não consta a exclusão do hotel, nesta garantia agora tem a exclusão do hotel, então acredito que o Guarani, que já se manifestou aqui na Justiça achando esta proposta mais interessante, deva saber as garantias exatas que esta tomando para que isso seja cumprido. Talvez ele consiga explicar melhor isso aqui, mas de qualquer forma isso (a exclusão de um hotel da área de VGV destinada ao Guarani) vai ter que ser confirmado numa assembleia específica para este fim”.
“Na ata eles estimam em cerca de R$ 2 bilhões e pouco (R$ 2.3 bilhões) e que caberia ao Guarani R$ 350 milhões ou algo assim (R$ 323 milhões) e tudo o que vem sendo adiantado seria como um adiantamento deste valor final do Guarani, mas no mundo dos negócios muita coisa acontece, pode acontecer de empresa mudar de atividade, empresas fecham, encerram as atividades, então quais seriam as garantias que tem neste empreendimento, porque o Guarani defende, ele está trocando um encaminhamento já com uma arena e muito encaminhado e certo, por algo que ele imagina ser muito melhor, na ideia do Guarani me parece que eles nunca tiveram dúvida disso, o caminho com essa empresa sempre foi o melhor para o Guarani, eles não se cansam de reafirmar isso na Justiça”.
“Para os credores tanto faz pagar A ou pagar B, mas acho que, diante da situação que pegamos aqui, eu também tenho interesse em resolver este problema da melhor forma para o Guarani. Tenho que ter preocupação com o Guarani e também com a legalidade desse leilão, ele é muito complexo, são apontadas diversas partes que eu preciso ver com mais vagar, se eu realmente chegar à conclusão de que tem muito risco e que existe um outro caminho, eu posso, não estou negociando nenhuma decisão judicial para escolher ficar com esta ou com outra empresa, é um caminho processual que a Lei me abre e que eu psso optar por seguir por ele se este leilão não tenha alguma viabilidade, se tiver algum risco de interpretação, porque decisões judiciais são assim, a gente pode assistir todos os dias pelo Supremo a questão das interpretações, tem interpretação para tudo”, avisou.
“Se eu achar que há essa interpretação que ao meu olhar era melhor, mas que não tem viabilidade muito grande de ser sustentada eu posso rever esta decisão, a Lei me permite isso. Ai o passo seguinte seria mandar para leilão novamente ou aceitar essa proposta que o Guarani tanto insiste, tenho vários caminhos que podem ser seguidos, tenho essa dificuldade no momento porque envolve vários interesses. O da Justiça em fazer um leilão que é algo muito sério porque se vender tem que entregar, o do Guarani que precisa continuar a existir, todos os dias o presidente mostra que a situação tem piorado, eu tenho todas estas situações se desenvolvendo aqui e isso tem me gerado muitas dúvidas”.
E por último a Juíza reafirmou que qualquer que seja sua decisão, ela ainda pode sofrer revisão em segunda instância: “A minha decisão é de primeiro grau, sujeita a revisão pelo Tribunal, acredito que a gente não chegue nem ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) porque é matéria de execução, tem uma responsabilidade muito grande para que se resolva no TRT mesmo, da 15 região”.
Portanto, pela primeira vez desde que o processo envolvendo Guarani, Magnum, Maxion, leilão, cancelamento, embargos e tantas outras coisas que o Torcedor está se acostumando a ouvir, a Justiça do Trabalho, através da Juíza Ana Claudia Torres Vianna, admitiu a possibilidade de anular a decisão que levou o patrimônio do Clube a leilão culminando com o arremate feito pela empresa Maxion e considerar a efetivação de uma proposta feita pela empresa MMG do empresário Roberto Graziano.
Claro, o recado também está bem dado, tudo precisa respeitar a legalidade e os interesses de todos os envolvidos, o Guarani, os credores e a Justiça do Trabalho.
O recado está dado, cabe a todos agora que o recebam e tomem as providências necessárias, pois a julgar pelo teor desta entrevista e do aprofundamento da Juíza no caso, nada passará despercebido.
Como sempre, vamos aguardar.
FONTE: Marcos Ortiz, Planeta Guarani (http://planetaguarani.com.br/?p=8469)
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