Com o Guarani Eternamente
Para saber o porque e como foi fundada a Guerreiros da Tribo, tem que se saber uma série de fatos que ocorreram alguns anos antes de sua fundação. A sua data de fundação é do dia 16/11/1976, mas a torcida só surgiu devido a alguns fatores que aconteceram um pouco antes da fundação. Em 1973, um jovem garoto, chamado Fernando Pereira, assume a presidência da maior torcida do Guarani na época, que se chamava ”Jovens da Tribo”. Fernando foi presidente até 1974, quando começaram a acontecer alguns impasses na diretoria da torcida, pois alguns diretores tinham seus ideais, enquanto outros diretores tinham idéias completamente diferentes, fazendo com que houvesse desentendimentos entre as pessoas da própria torcida. Isso fez com alguns integrantes da torcida, até o presidente, saíssem da “Jovens da Tribo” para fundarem em 1975 uma nova torcida, que teria apenas seus ideais a serem seguidos. Existiam muitas outras torcidas no Guarani, mas muito pequenas, que não tinham força nenhuma nas arquibancadas. A nova torcida foi denominada de “T.U.G.” (Torcida Uniformizada do Guarani), e seu presidente era Fernando, que acabava de sair da presidência da “Jovens da Tribo”, para dar lugar a outro garoto. Este, saiu de Santa Rita do Passa Quatro para fazer um teste na escolinha de futebol do Guarani, onde não foi aprovado, mas ficou por Campinas mesmo e desde então começou a gostar muito do Guarani. Seu nome era Tadeu. Mal sabiam que ele seria um dia, um dos melhores presidentes de torcida organizada do Brasil, conseguindo dirigir por mais ou menos dezoito anos, a maior torcida organizada do interior do país e com certeza uma das maiores do Brasil. A “T.U.G.” teve um crescimento muito rápido, e logo ficou do tamanho da “Jovens da Tribo”.
Como a “Jovens da Tribo” e a “T.U.G.” eram as duas torcidas que eram as maiores forças do Guarani no começo de 1976, cresceram bastante, e mais ou menos em mesmo número, começou a haver uma rivalidade entre as duas torcidas, o que não era um bom sinal. Antigamente a torcida do time da casa recebia no estádio a torcida do time adversário. Como as torcidas organizadas do Guarani ficavam na cabeceira, era ali que a torcida era recebida e as faixas das torcidas eram colocadas. Mas com essa rivalidade, os diretores da torcida entravam bem antes do jogo para reservar seu espaço, colocando faixas e deixando pessoas lá. Quase todo jogo mudava a torcida que ficava na cabeceira, pois a cada dia que passava os diretores chegavam mais cedo para reservar um lugar para sua torcida. A Guerreiros tem como data de fundação o dia 16/11/1976. No dia 17/11/1976 houve um jogo do Guarani, e como primeiro jogo que a Guerreiros da Tribo assistiu do Guarani, vai a ficha técnica do jogo:
GUARANI 1 X 0 Atlético MG Campeonato Brasileiro 1976 - Fase Final - 1o. turno Local: Brinco de Ouro da Princesa - Campinas Data: 17/11/1976 (Quarta-feira) Horário: 21:00 h Árbitro: José Roberto Wright (RJ) Assistentes: Luís Valdir Louruz (RS) e Eraldo Palmeirini (PR) 1o. tempo: 0 X 0. Final: GUARANI 1 X 0 - Zenon (pênalti) aos 11 min. Renda: Cr$ 165.396,00 Público: 8.831 (8.040 pagantes e 791 menores) Cartão Vermelho: Bozó aos 40 min. do 2o. tempo. GUARANI - Neneca, Miranda, Amaral, Edson e Deodoro; Flamarion e Zenon; Flecha, Campos, André (Renato) e Ziza (Roberto). Técnico: Dorival Geraldo dos Santos. ATLÉTICO - Ortiz, Alves, Modesto, Vantuir e Dionísio; Toninho Cerezzo e Danival; Cafuringa, Marcinho (Reinaldo), Paulo Isidoro e Paulo Moisés (Bozó). Técnico: Barbatana. A Guerreiros começou a crescer rapidamente, pois com a união das torcidas cada vez mais sócios surgiram. A partir dos anos 70 com a entrada de Leonel Almeida Martins de Oliveira na presidência do clube, o Guarani cresceu muito na parte futebolística, onde em todos estes anos fez campanhas magníficas e que o time colocava medo em qualquer time de capital. O clube cresceu muito também na parte do patrimônio, mas o torcedor não liga muito para isso, apenas os sócios. Como o Guarani começava a se destacar no cenário futebolístico do país e seu clube que até 1970 não era lá grande coisa, começaram a melhorar e muito, os torcedores cresceram e começaram a aparecer. O número de sócios que era de aproximadamente 2.000, subiu para mais de 20.000 e o nome do clube foi espalhado como um dos melhores de Campinas. Com esse crescimento a torcida começou a crescer também. Com 1 ano na ativa, a Guerreiros já despontava e era a maior torcida do interior, com 1 ano e meio a Guerreiros deslanchou. O Guarani conquistou o Brasil, e a Guerreiros estava lá, sendo a maior torcida, sua faixa pode ser observada em todos os jogos. Com isso a torcida bugrina começou a crescer também e conseqüentemente a Guerreiros foi no embalo. A Guerreiros em 1978 foi a todos os jogos do Guarani dentro e fora do Brinco, sempre com mínimo de um ônibus. Neste ano com a comemoração do título, a Guerreiros realizou caravanas gigantescas e fez a festa no estádio. Na partida de ida para o Morumbi, contra o Palmeiras, a Guerreiros, fretou todos os ônibus de Campinas e região, um total de 360 ônibus, além de carros e pessoas que foram por livre e espontânea vontade, num total de 25.000 bugrinos, praticamente dividindo o estádio do Morumbi, tendo lotado 2 gomos superiores do estádio.Esta caravana foi a 3A maior da história. O Guarani ainda realizou boas campanhas que fizeram com que a Guerreiros marcasse presença fora do Brasil! Em 1979, o Guarani ficou em 3O lugar da libertadores, onde a Guerreiros fez caravanas de carro, ônibus, avião, e todos os meios de transporte. O Bugre ainda foi campeão da taça de prata de 1981, ganhando mais prestígio no futebol nacional. O Guarani também foi vice-campeão da copa dos campeões de 1982 e terceiro colocado do brasileiro de 1982, tendo neste ano feito o recorde de público no Brinco com 52.002 pagantes e aproximadamente 5 mil não pagantes. Com isso o Guarani ficou evidenciado no futebol, no começo achavam que era apenas uma coisa rápida que ia durar um ano, apenas uma fase boa, só que em 4 anos o Bugre praticamanete dominou o Brasil, e assim foi durantes os outros anos seguintes. A Guerreiros já estava sendo respeitada no Brasil e no mundo como uma das maiores e mais organizadas torcidas. A Guerreiros ganhava espaço no Brinco, seus integrantes conseguiam cargos no Guarani e estava sempre presente no Brinco. Com isso, a diretoria deu uma sala para que fosse a sede da torcida, esta sala existe até hoje, e tem um símbolo da Guerreiros pintado nos azulejos da parede. O Guarani continuou apresentando boas campanhas, até que em 1986, chegou a mais uma final. Novamente a do brasileiro, onde foi derrotado pelo São Paulo. No jogo de ida, no Morumbi, a Guerreiros fez a 2a maior caravana de todos os tempos, levando cerca de 30.000 bugrinos ao Morumbi, 5 mil bugrinos a mais do que em 1978. Mais uma vez todos os ônibus disponíveis em Campinas e região foram fretados, além de vans e carros que foram por conta própria. Os bugrinos praticamente dividiram o estádio com os 50 mil são paulinos. E no jogo de volta, o Guarani pois 40 mil torcedores no Brinco. Em 1987 o Guarani se tornou vice-campeão brasileiro após perder para o Sport. E em 1988 contra o Corinthians, fez uma caravana de 20 mil bugrinos ao Morumbi e no jogo de volta no Brinco, pois 50 mil torcedores. A Guerreiros estava entre as 7 maiores torcida organizadas do Brasil, e acumulava um imenso número de materiais, como faixas, bandeiras e instrumentos da bateria. Os ensaios aconteciam nos treinos ou na frente do Brinco de Ouro durante a semana. Algumas torcidas que surgiam na época, se inspiraram na Guerreiros, e hoje são uma das maiores forças que existem no Brasil. O torcedor bugrino estava confiante, com o título em 1978, o terceiro lugar da libertadores em 1979, com o vice-campeonato dos campeões em 1982, o terceiro lugar no brasileirão de 1982, o crescimento do patrimônio do clube, o vice brasileiro de 86 e 87 e o vice paulista de 88, o Guarani podia esperar outros bons resultados iguais a estes. Com essa boa fase, cada vez mais torcedores iam ao Brinco e viam o show que a Guerreiros dava, simpatizando-se com a torcida e muitas vezes ajudando-a do jeito que podiam. O Guarani era um time muito respeitado em todo o Brasil, sempre ganhando dos times das capitais, que eram os mais fortes, mas o Guarani não via muita dificuldade em vencê-los. Enquanto isso, a Guerreiros só ganhava novos sócios, que em 1990 chegavam a ser mais de 20.000. A quantidade de faixas, bandeiras eram incontáveis. A Guerreiros organizava festas no Guarani quase todo fim de semana, e fazia caravana para todos lugares do Brasil. A Guerreiros era uma família, uma grande família, esta torcida era diferente, e respeitada por ser uma das maiores do Brasil. A Guerreiros tinha uma organização de dar inveja a qualquer um. A diretoria era muito boa e conseguia administrar a torcida sem problema algum. O Guarani passou um momento difícil em 1990 e 1991, mas logo voltou a brilhar em 1992, voltando a se destacar no campeonato brasileiro. O Guarani dominava Campinas inteira, pois a pinguela não conseguia de jeito nenhum chegar ao título, nem que fosse da terceira divisão, e eles sempre estavam em divisões inferiores, e por isso sua torcida nunca cresceu, pois isso só fazia ela diminuir e conseqüentemente a do Bugre aumentar mais e mais. Em 1994 o Guarani fez uma das melhores campanhas em campeonatos brasileiros, ficando em 4O lugar, e neste ano a Guerreiros atingiu o seu auge, a torcida cresceu extraordinariamente, passando a marca dos 30.000 sócios. Neste ano a Guerreiros fez as melhores festas nos estádios do Brasil, sempre levando multidões e fazendo festas que deixavam qualquer um arrepiado. Surge a nova Guerreiros da Tribo Alguns problemas como brigas e violência nos estádios estavam fazendo a polícia ficar esperta e o ministério público começar a intervir nas organizadas, que sempre fizeram festas nas arquibancadas. Em 1994, as organizadas foram proibidas de freqüentar os estádios, ou seja, faixas, camisas, baterias, bandeiras e outros artifícios, não poderiam mais ser usados nos estádios. A Guerreiros continuou nos estádios, porém sem nada que viessem a dizer o nome da torcida, pois era proibido. Em 1995 a torcida acabava de fazer uma grande quantidade de materiais, quando uma briga interna da diretoria fez com que a torcida acabasse, e deixasse saudade no torcedor bugrino, que tantos anos ficou ao lado da maior torcida do interior. A Guerreiros deixava aproximadamente 25 mil sócios. Foi difícil acreditar, mas todo bugrino, admirou muito esta torcida e pegou um afeto a ela, mesmo ela não existindo mais, todos os bugrinos sempre lembravam dela. Em 1999, alguns ex-guerreiros, foram até a sala onde era a sede da torcida no Brinco para ver o que havia sobrado. Havia muito material, como faixas, bandeiras, bandeirões. E etc. Mais de 90% dos materiais encontrados lá, não tiveram salvação. Pouquíssimas faixas e bandeiras resistiram. Com a umidade e o tempo, as coisas apodreceram, as faixas mais velhas sobreviveram e as bandeiras que foram feitas em 1995 também. Em 2004, a Guerreiros voltou. Antigos Guerreiros juntam-se com novos Guerreiros para formar novamente a Guerreiros da Tribo. Em seu primeiro jogo já levou faixas de incentivo, bateria e muitos torcedores de volta ao Brinco. Com uma nova diretoria, a Guerreiros está bem estruturada e organizada. Enfrentamos algumas dificuldades, mas para a força independente, nada é mais forte do que o amor pelo Guarani. A Guerreiros faz todo fim de semana uma festa, para unir seus sócios e bugrinos para uma confraternização, para que possa aumentar mais ainda a família Guerreiros. Novas faixas estão sendo feitas, instrumentos comprados, bandeiras produzidas, unindo-se ao material antigo. Muitas festas, confraternizações estão ajudando a torcida além das pessoas que estão pagando em dia a mensalidade, que é o que sustenta uma torcida para que ela possa crescer e ajudar seu time. Todas estas pessoas que fizeram com que a Guerreiros crescesse para ajudar o Guarani tem que ser muito respeitadas, porque se não fossem elas, o Bugre não seria do tamanho que é hoje. Elas fizeram muito pelo Bugre, gastaram seu dinheiro, seu tempo, lutaram muito para o bem do Guarani, pois para elas nada é maior do que o que elas sentem pelo Bugre. E contar aqui o que elas fizeram pelo Guarani, não daria, pois é muito mais do que se pode imaginar. Quem imaginaria um dia que um clube fundado por garotos em uma praça pudesse um dia ganhar o Brasil, e ainda mais quem imaginou que uma torcida de um clube do interior pudesse chegar ao ponto que chegou.